Tudo
na vida é obra do acaso? Ou nada na vida é por acaso?
Desço para a plataforma do metrô. Escolho o
vagão que vou entrar ou pego o vagão que está na minha frente. Quem está nesse
vagão? Como foi que eles/elas foram parar nesse vagão? Pode ser que uma/um
delas/deles seja minha metade da laranja? A gente vai se olhar? Será que
ele/ela vai descer na mesma estação que eu? Em caso negativo desço na
dele/dela? Ele/Ela vai para a esquerda ou para a direita? De maneira muito brilhante
Julio Cortázar já falou sobre a casualidade em sua obra e, em particular, no
conto Manuscrito Achado Num Bolso,
que inspirou Paulo Azevedo a escrever este instigante A[R]mar em cartaz no Teatro Sérgio Cardoso.
Eu
tive o privilégio de viajar no mesmo vagão e em um banco muito próximo de ELE e
ELA (assim são denominados os personagens) e ser testemunha dos seus encontros
e desencontros. Em um primeiro momento é o acaso que faz esses dois seres
cruzarem olhares e iniciar um relacionamento que atinge um apogeu seguido de
desgaste. É necessário fazer alguma coisa para reativar a chama e não dá mais
para confiar no acaso...
A
direção do autor é madura e enxuta valendo-se de uma criativa disposição cênica
colocando no palco alguns espectadores que farão parte da história como
passageiros do metrô, de excelente trilha sonora de Érico Theobaldo e Mano Bap,
de projeções em vídeo (Janaína Patrocínio) e, fundamentalmente, de dois excelentes
intérpretes como Rita Pisano e Bruno Perillo, sem os quais espetáculo deste
tipo naufragaria. A química entre eles é perfeita dando vida ao casal de
maneira intensa na surpresa do primeiro encontro, nas descobertas sobre cada na mesa de um
no bar e na provocante cena de sexo realizada de maneira delicada e bela sem
necessidade de explicitar nada.
Vários
filmes e textos literários são lembrados no programa como citados na
dramaturgia, mas quando se trata de casualidade não há como não se lembrar de outra
obra prima do gênero, o filme Corra Lola,
Corra do alemão Tom Tykwer.
A[R]MAR
é uma gratíssima surpresa da atual temporada paulistana e está em cartaz só até
o dia 1º de outubro (Segunda feira) no Teatro Sérgio Cardoso: Sexta e Sábado
(19h30), Domingo (20h) e Segunda (19h).
Reestreia
na sexta feira, dia 05/10 no Teatro Cacilda Becker às sextas, sábados e
domingos até 21/10.
SABOROSO
DEMAIS PARA VOCÊ DEIXAR PASSAR!
25/09/2018