Conforme indica o
título, o texto de Marcelo Oriani é um corte seco sem concessões em um assunto
escabroso e grave que ocorre com maior frequência do que se imagina que é o
abuso sexual infantil, praticado, na maioria das vezes, dentro de casa, por um
amigo da família, ou um tio, ou o avô ou até o próprio pai da criança.
Claudia Schapira ao
traduzir cenicamente tema tão difícil, o fez com uma beleza e um equilíbrio
dignos de nota. Sua direção harmoniza a potente trilha sonora (Dani Nega), os
excelentes efeitos de luz criados por Rodrigo Palmieri, a cenografia clean de
Juliana Fernandes, os figurinos de Rosângela Ribeiro, a preparação vocal
realizada por Sandra X e a fantástica preparação corporal e direção de
movimento (Luaa Gabanini) das atrizes que circulam pelo espaço em sincronia e com gestual
impressionante. Tudo isso a serviço da atuação das três atrizes (Camila
Fernandes, Nandda Oliveira e Raquel Domingues) que interpretam visceralmente os
vários personagens da peça.
Esse equilíbrio entre todos elementos de uma
encenação é o que para mim demonstra que uma direção foi bem sucedida.
A ficha técnica
indica também Dani Hell (Live-DJ) e Eliana Monteiro na provocação cênica.
O autor é enfático ao
escrever no programa: “Eu gostaria que essa peça não existisse, mas, se ela
existe, é porque o assunto sobre o qual ela trata ainda existe”.
Tão grave quando o
abuso é o silêncio daqueles (mães normalmente) que convivem com ele.
- O que aconteceu com
você não é visível
- E se não é visível
é como se nunca tivesse existido
E a criança convive
com o trauma silenciosamente, muitas vezes até carregando um sentimento de
culpa.
CORTE SECO precisa ser visto e divulgado.
Em curta temporada no
Centro Cultural São Paulo às quintas e sextas às 21h e aos sábados e domingos
às 17h e 19h
ALERTA DA PRODUÇÃO:: nessa última semana não haverá sessões no domingo, por conta das eleições. As próximas sessões serão: quinta às 21h, sexta e sábado às 19h e as 21h.
30/09/2024