Ontem foi meu último dia em Curitiba para acompanhar o
Festival e como despedida fui assistir ao premiado espetáculo paulista Cais ou Da Indiferença das Embarcações.
Merecidamente contemplado com os prêmios APCA e Shell - São Paulo, o texto de
Kiko Marques mostra a história de três gerações de habitantes de Ilha Grande no
Rio de Janeiro narrada por um barco e tendo uma poita (âncora com boia) como
testemunha. Tudo de maneira poética e muito humana. Três horas de muita emoção
que passam voando.
Foto de Ligia Jardim
Apresentado em São Paulo no Instituto Capobianco para
plateias restritas a 40 lugares, expandiu-se em Curitiba quando foi para um
imenso galpão do Centro de Eventos Sistema FIEP adaptado para teatro e com 120
assentos. Se a peça ganha em amplitude e no seu caráter épico, perde na
compreensão do texto quando os atores estão de costas para o espectador devido
às condições acústicas do local; mas no todo a montagem manteve toda a sua
magia e emoção, além de ganhar algumas novas soluções muito bonitas como a
posição dos músicos à vista do público, a entrada dos atores no início da peça cantando
Timoneiro (Paulinho da Viola) ao
redor do cais, o belo solo de Marcelo Marotti no início do segundo ato com Estrela do Mar (Marino Pinto/Paulo
Soledade) e o camarim mais compacto situado agora do lado oposto dos músicos.
Foto de Fernanda Capobianco
Um problema técnico de iluminação ocasionou um atraso de
cerca de meia hora no início do espetáculo fazendo com que o mesmo terminasse à
meia noite e meia; mas isso não tirou o entusiasmo e a emoção do público que
ovacionou os atores ao final. Como prova de bom acolhimento, a produção ofereceu
lanche e café no intervalo da peça.
Ingresso do espetáculo
O cineasta Nelson Rodrigues que realiza um documentário
sobre o espetáculo, estava presente documentando a primeira apresentação de Cais fora de seu habitat paulista, o
Instituto Capobianco.
E assim completei minha jornada no Festival de Curitiba que
agora passo a acompanhar de longe. Vim embora, mas o Festival continua a pleno
vapor até o dia 06 de abril. Mais de 30 estreias na Mostra Oficial e as peças
do Fringe que deixam qualquer espectador paranoico ao tentar escolher entre os
400 títulos oferecidos.
Acompanhe o festival: festivaldecuritiba.com.br