sexta-feira, 29 de novembro de 2024

TENNESSEE WILLIAMS DEVE MORRER!

    Com certeza como admiradores de Tennessee Williams (1911-1983), Marcelo Braga e Luís Felipe Caivano escreveram esse instigante exercício de metateatro contemplando a vida e a obra do grande dramaturgo norte americano. 

    Os autores colocam em cena Rose e Tom, dois irmãos artistas de teatro, às voltas com uma crítica negativa recebida por peça que eles estão representando. Ao tentar reescrever a peça Tom percorre, junto com a irmã, fatos da vida de Tennessee e partes de sua obra.

    Figuras reais da vida do dramaturgo mesclam-se em cena com personagens de suas peças criando um jogo muito interessante para o espectador. O melhor exemplo disso é o surgimento em cena de Rose, irmã de Tennessee e de Rose, personagem de “A Margem da Vida” inspirada na verdadeira Rose, e para complicar mais um pouco quem as interpreta é Rose, irmã de Tom, que é na verdade o alter ego de Tennessee. Parece complicado, mas é uma delícia acompanhar o desenvolvimento da trama.

    Surgem cenas de “À Margem da Vida”, “Gata em Teto de Zinco Quente” e citações de “Um Bonde Chamado Desejo” e “De Repente, no Último Verão”. 

    Da vida real do dramaturgo aparecem sua relação com a mãe e dando um toque de humor à peça os autores colocam em cena a irmã Rose descrevendo inocentemente um passeio de Tennessee em um parque, onde na verdade ele ia caçar uma companhia para fazer sexo.

    Cita-se também ligeiramente a morte do dramaturgo que se engasgou com a tampa de um medicamento.

    Vivian Bertocco e Luciano Schwab desdobram-se na interpretação dos irmãos, das figuras de Tennessee e Rose e das personagens das peças do dramaturgo, algo bastante complexo que os dois fazem com muita desenvoltura.

    Completam o espetáculo duas cenas de cortina onde uma extrovertida apresentadora entrevista o dramaturgo e se ouve ao fundo o coro dos críticos que massacraram sua obra nos últimos anos “TENNESSEE WILLIAMS DEVE MORRER! TENNESSEE WILLIAMS DEVE MORRER!

    As competências de Aline Santini (desenho de luz), José Carlos de Andrade (cenário e figurinos) e Um Cafofo (videomaping) complementam a direção de Marcelo Braga.


    A peça está em cartaz no SESC Pinheiros até 14 de dezembro com sessões de quinta a sábado às 20h.

    Um prato cheio para quem ama teatro e mais ainda para aqueles que admiram a obra de Tennessee Williams.

    29/11/2024


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