Com
esse título o húngaro Sándor Márai (1900-1989) escreveu um dos seus mais
importantes e populares romances. Trata-se do encontro depois de mais de 40
anos de dois homens que foram amigos íntimos e cujo motivo da separação é algo
ainda não esclarecido. O romance escrito em boa parte na forma de diálogo não
deve ter dado muito trabalho para Duca Rachid e Julio Fischer fazerem a
transposição para a linguagem teatral, aliás, muitíssimo bem realizada.
Os
diálogos envolventes são ditos com maestria pelos dois atores Herson Capri e
Genézio de Barros que interpretam Henrik, o visitado e Konrad, o visitante;
respectivamente. O visitado tem uma série de questões pendentes com o visitante
que envolve uma caçada e uma mulher (Kriztina, que foi esposa do primeiro).
Além de certas rememorações do passado, a peça passa-se em tempo real durante a
breve visita de Konrad a Henrik. Há uma bela e discreta participação da
cellista Nana Carneiro da Cunha que além de tocar a trilha original de Marcelo
Alonso Neves faz intervenções como a esposa Kriztina.
A
ação da peça passa-se no castelo habitado por Henrik e que foi palco no passado
dos fatos relembrados nessa noite onde deveriam acontecer revelações, mas que
por opção do autor, elas não acontecem ficando as mesmas na imaginação do
leitor/espectador.
Não
tenho nada contra atualizar ambientes cênicos quer para dar um toque
contemporâneo à montagem, quer por mera economia de produção, mas é necessário
haver harmonia e certa beleza, coisa que não acontece com o cenário de Bia
Junqueira formado por tubos escuros, sacos plásticos pretos, uma mesa flutuante, uma vasta faixa iluminada que representa uma lareira e duas poltronas. No meu modo de ver esse
cenário empobrece a bela montagem dirigida com sobriedade por Pedro Brício. A
iluminação de Renato Machado atenua esse problema.
Capa do livro editado pela Companhia das Letras que sugere um cenário para o castelo de Henrik.
Com
pouco menos de uma hora o espetáculo de Pedro Brício prende a atenção pela
força do texto, pelas interpretações de Herson Capri e de Genézio de Barros,
pela intervenção musical de Nana Carneiro da Cunha e pela movimentação dos
atores no espaço cênico que nunca deixa a ação se tornar monótona.
AS
BRASAS está em cartaz no SESC Santana às sextas e aos sábados às 21h e aos
domingos às 18h até 04 de novembro. NÃO DEIXE DE VER.
15/10/2018
Li o livro há algum tempo e gostei demais.
ResponderExcluirAgora vou ter que dar um jeito para não perder a peça.