Em certo momento da
peça/palestra/performance A Doença do Outro é projetada uma cena emblemática
do filme Philadelphia (1993) planejada para que o publico se
emocione e chore...” uma dessas cenas que o cinema criou para que os
soluços cortassem o silêncio da sala escura”, segundo o autor/ator Ronaldo
Serruya.
Em outra cena,
enquanto o ator fala, são projetadas atrás dele cenas de filmes que tratam do
HIV. Entre elas, a antológica e pungente cena do filme sobre Cazuza em que ele
descobre que foi “tocado” pelo vírus da AIDS. Filmes, peças de teatro e
romances sobre o assunto sempre resvalam para o dramático e para o trágico e é
na contramão dessa tendência que Serruya elabora o seu belo trabalho.
Segundo o dito
popular quanto mais a doença floresce, mais o corpo padece, mas não se pode
esquecer que é essa entidade física chamada CORPO que todos nós temos que vai
lutar por mais vida. Óbvio, mas nem sempre reconhecido!
Momento especialíssimo
na carreira de Serruya, o corpo como forma de resistência é a proposta desse
espetáculo que é a mais pura celebração da vida e literalmente termina em festa
onde corpos suados e emocionados se congraçam e se abraçam.
Estou vendo no Facebook
que hoje, dia 06 de dezembro, é o aniversário de Ronaldo Serruya, mas foi ele
que presenteou os privilegiados espectadores que assistiram a uma dessas seis
apresentações de sua admirável performance. Temporada relâmpago que deve ser
complementada no ano que vem por apresentações virtuais e, talvez, também
presenciais.
Dignas de nota a direção enxuta de Fabiano Dadado de Freitas e a videoarte de Evee Avila e Maurício Bispo.
06/12/2021
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