Até 2019 tive
oportunidade de realizar análise mais detalhada da dramaturgia brasileira em
nossos palcos. Modo de criação do texto, gênero e tamanho do elenco foram alguns
dos dados que se perderam a partir de 2020 quando cessaram as publicações da
maioria dos guias.
A análise de 2021 feita
a seguir, baseou-se nos dados contidos na edição on line do sobrevivente
Guia OFF e nas anotações que fiz ao longo do ano.
Não constam deste
estudo espetáculos apresentados dentro das programações de Teatro Para
Alguém, Teatro Vivo, Antro Positivo, #Cultura em Casa, Mostra Grupo TAPA,
Mungunzá Digital, SESC ao vivo, SESC Digital e muitas outras surgidas ao
longo do ano, uma vez que, em geral, nesses casos só consta o nome do
espetáculo, sem maiores detalhes.
Baseado nos dados
disponíveis foram 274 os espetáculos (191 virtuais e 83 presenciais) que
tiveram um nome brasileiro na dramaturgia.
Como pode ser visto
no gráfico, nos primeiros meses do ano foi grande o número de virtuais e
insignificante aquele de presenciais, chegando a zerar em abril e maio, auge da
pandemia. Em agosto/setembro a tendência reverteu com a mais que bem-vinda
reabertura dos teatros. Torçamos para que essa tendência se mantenha em 2022!
Os virtuais:
Muitas e muitos se
aventuraram a escrever para os espetáculos virtuais e, muito provável e
infelizmente, devem ficar apenas nessa primeira experiência.
Nomes conhecidos de
nossa dramaturgia também escreveram para o meio virtual: Silvia Gomez (A
Árvore/Partida de Vôlei à Sombra do Vulcão), Daniela Pereira de
Carvalho (27’s), Sara Antunes (Dora), Fernando Kinas (Os
Grandes Vulcões), Diego Fortes (Vinte e Três de Setembro),
Franz Kepler (Reunião de Condomínio), Mario Bortolotto (Pequod), Gerald Thomas (G.A.L.A.),
Kiko Marques (A Mulher e Um Corpo)
Ivam Cabral e Rodolfo
García Vázquez compareceram com vários títulos virtuais (Novos Normais, As
Mariposas, Uma Peça Para Salvar o Mundo, Cabaret Dada), além de reabrir o Espaço
dos Satyros em dezembro com o novo espetáculo Aurora.
Roberto Athayde e sua
“Dona Margarida” foram três vezes lembrados: virtualmente por Luciana Ramin e
Abílio Tavares e presencialmente por
Wilson de Santos.
Nelson Rodrigues e
Plínio Marcos, em muitos anos campeões em número de espetáculos montados,
compareceram modestamente em 2021 no universo virtual: Plínio com apenas uma
elogiada montagem de Quando as Máquinas Param e Nelson com uma seleção
de suas peças em leituras dramáticas apresentadas no Primeiro Festival da
Tragédia Brasileira realizado pela Cia. Repertório Rodriguiana.
Surpresas, ao menos
para mim, nos espetáculos virtuais foram a delicadeza e a poesia de Juliana
Leite em A Genealogia Celeste de Uma Dança, a potência de Joana
Marinho em Constância e a criatividade de Rogério Corrêa em De Bar em
Bar e Entre Homens.
Destaque também para
a série (In)Confessáveis de Marcelo Varzea, fértil terreno para revelar
novos dramaturgos.
Não se pode esquecer que até João Caetano aparece neste ano na lista dos dramaturgos: suas Lições Dramáticas foram criativamente encenadas por Isaac Bernat e Claudio Mendes.
Os presenciais:
Quanto aos espetáculos presenciais cabe destacar Daniel Veiga com a feliz adaptação teatral do romance Nossos Ossos de Marcelino Freire, Rudinei Borges dos Santos com Sertão Sem Fim, Dan Rosseto com O Último Concerto Para Vivaldi, Samir Yazbek com Tectônicas, Sergio Roveri com Neblina e Newton Moreno que, além de emplacar uma nova temporada de As Cangaceiras, Guerreiras do Sertão, presenteou o público paulistano com uma joia chamada Sueño.
Para período tão
problemático até que o balanço se mostra positivo.
Em 2022 que os ventos soprem a favor do nosso país, da nossa cultura, do nosso teatro e de nossa dramaturgia.
VIVA O TEATRO!
07/01/2022
Cetra sempre presente! Um viva ao teatro!
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