Na segunda feira, dia
12 de setembro assisti a mais dois espetáculos:
LA MUJER QUE SOY – Argentina – As
grandes atrações desse delicioso trabalho do Teatro Bombón, escrito e dirigido
por Nelson Valente são a encenação que se passa na sala de dois apartamentos e
no hall de distribuição de um hotel (no caso do Mirada, o Atlântico, icônico
hotel santista) e a interpretação soberba das atrizes com grande destaque para
Maiamar Abrodos (Mercedes) e a fabulosa e muito engraçada Silvia Villazur
(Martha, a mãe), além de Mayra Homar (Cecília, a filha) e Daniela Pal (Lucia).
O público visita os apartamentos de Martha e da misteriosa Mercedes testemunhando
no tête-à-tête o que acontece quando a filha chega na casa da mãe com uma nova
namorada.
A trama é bastante
simples, mas as interpretações são tão envolventes que o público vive a ação
junto com as personagens e sai do espaço encantado e discutindo sobre o que
acabou de ver: Estaria Lucia realmente apaixonada por Cecília ou ela é uma
pilantra? Tudo acaba bem quando as personagens saem da sala e vão para o
quarto? Ou não? As delícias de um trabalho tão bem realizado.
Mais um grande
momento do Mirada 2022.
ORGIA, PASOLINI – Portugal – Esta
excelente realização da companhia Teatro Nacional 21 é espetáculo árido
e denso que exige muita atenção e sensibilidade do espectador.
O grupo define o
espetáculo como “um teatro de palavras conjugadas pela carne”, no
entanto a fruição do mesmo pode ficar comprometida por algumas razões: 1. A
pouca visibilidade devido à penumbra em que a ação acontece e principalmente
pelo fato que em muitas cenas o elenco representa deitado e a inclinação da
plateia não é suficiente para permitir a visão do espectador/2. Mais que um
texto dramático, Orgia é um poema do cineasta Pier Paolo Pasolini onde a
palavra tem valor peculiar e a dificuldade de ouvir/entender plenamente aquilo
que é falado pode obrigar o espectador a
recorrer às legendas em castelhano, o que faz o sentido poético do texto ficar
comprometido.
Produzido com muito esmero o espetáculo tem seu ponto alto na instigante cenografia com muito barro e lama criada por Ivana Sehic, na belíssima iluminação assinada por Rui Monteiro, na trilha sonora e nas interpretações de Albano Jerónimo e Beatriz Batarda. Tudo isso regido com muito rigor por Nuno M. Cardoso.
13/09/2022
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