É lamentável que
espetáculos de qualidade com conteúdo importante passem quase despercebidos do
público.
É o caso de Caduca,
que tive a oportunidade de assistir em sessão única na noite de 20 de dezembro
de 2023 na Oficina Cultural Oswald de Andrade dentro da Virada
Inclusiva. O espetáculo cumpriu temporadas em outros teatros, mas sempre
com fraca divulgação.
Caduca,
escrito e dirigido por Cintia Alves apresenta várias camadas:
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É um exemplo de interação de uma atriz surda (Yanna Porcino, não menos que emocionante
e excelente!) com suas ótimas parceiras de cena (Eliane Weinfurter e Theodora
Ribeiro).
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É baseado na história real de Lisete Negreiros (1940-2022) e Cleide Queiroz
(que ainda assinava Cleide Eunice) quando vieram de Santos para São Paulo em
1968 para participarem da seleção de elenco para a montagem de Morte e Vida
Severina produzida por Paulo Autran e dirigida por Silnei Siqueira, que
havia dirigido a montagem histórica com o TUCA em 1965. Elas foram
selecionadas e prova disso são as fotos do programa mostradas abaixo.
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Por ironia do destino (Lisete faleceu durante uma das temporadas da peça) e o
espetáculo acabou se tornando uma homenagem a essa grande batalhadora pelo nosso
teatro infanto-juvenil.
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Mostra de forma delicada o mal de Alzheimer e a finitude da vida.
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Destaca o trabalho da atriz Theodora Ribeiro, em grande momento, interpretando
com muita emoção o papel que havia sido escrito para Lisete.
Cintia
rege isso tudo de maneira harmoniosa dispondo de três cadeiras, do desenho de
luz de Fernanda Guedella, da direção musical de Juliana Keiko, dos suaves
figurinos e do imenso talento das três atrizes.
CADUCA
é um espetáculo tocante que merece várias voltas aos nossos palcos para ser
visto por maior número de espectadores.
21/12/2023
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