Um pequeno inventário de histórias fantásticas do Nordeste brasileiro
Um pequeno e precioso tesouro está escondido na Sala Vermelha do Itaú Cultural e preste atenção porque ele só se faz presente aos domingos às 16h até 27 de julho.
São três crianças buscando uma botija
no terreno onde morava a avó, mas quem descobre uma botija de ouro é o público
que se encanta com o que assiste. As crianças do público adoram e participam...
e os adultos mais ainda!
Ao entrar na sala ouve-se o som de uma
sanfona, trecho instrumental de “Xiquexique”, música que faz parte da obra “Parabelo”
de Tom Zé e Zé Miguel Wisnik, a repetição insistente desse som até o início do
espetáculo, tem um efeito hipnotizante que se soma à contemplação do lindo
painel de Irapuan Junior que cobre todo o fundo do palco.
Ouvindo Tom Zé e olhando Irapuan a
atmosfera está criada para o público se emocionar com a beleza que vem a
seguir.
Uma atriz (Maria Alencar Rosa), uma atriz/músicista
(Elaine Silva) e um ator (Jhoao Junnior) entram em cena e representam as três
crianças que chegam no quintal da avó para buscar a tal botija de ouro que
segundo ela está escondido nesse terreno. Nessa busca, um universo de histórias
fantásticas do nordeste brasileiro vai se descortinando para o público que
entra no encantamento proposto pela encenação escrita por Jhoao a partir de
histórias e causos recolhidos por ele no nordeste. A direção é de Jhoao e Maria.
Jhoao, Maria e Elaine estão em estado
de graça em cena. Com rara desenvoltura vão contando os mitos da Caipora, da
Mulher do sonho e da Princesa da Serra. O público - auxiliado pelas histórias
contadas e pelo cenário que inclui o já citado painel e pelas pinturas
artesanais do sol, da lua e do mandacaru criadas por Andrea Gandolfi – entra no
clima e percorre o sertão junto com eles, sempre na esperança de encontrar a
botija.
O elenco veste os figurinos criados e
confeccionados por Maria cujos bordados mostram figuras surgidas em cena. E o
que escrever sobre os sons e músicas executados por Elaine com instrumentos
artesanais?
Realizado de maneira totalmente
artesanal nos figurinos, nos instrumentos e no cenário, o espetáculo é um
deslumbramento tão grande que é impossível conter as lágrimas em vários momentos.
Não tenha preconceito com um trabalho
endereçado para o público infantil, porque quando ele é bem realizado e sem
alguns clichês tão comuns nesse tipo de espetáculo, ele vai lhe agradar até
mais do que certos teatros para adultos.
A Botija é digna dos maiores aplausos
e merece as lágrimas que temos de enxugar ao final do espetáculo.
Mas... eles acham a botija??
Vai lá pra saber!!
13/05/2025
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