terça-feira, 13 de maio de 2025

A BOTIJA

 

Um pequeno inventário de histórias fantásticas do Nordeste brasileiro

        Um pequeno e precioso tesouro está escondido na Sala Vermelha do Itaú Cultural e preste atenção porque ele só se faz presente aos domingos às 16h até 27 de julho.

São três crianças buscando uma botija no terreno onde morava a avó, mas quem descobre uma botija de ouro é o público que se encanta com o que assiste. As crianças do público adoram e participam... e os adultos mais ainda!

Ao entrar na sala ouve-se o som de uma sanfona, trecho instrumental de “Xiquexique”, música que faz parte da obra “Parabelo” de Tom Zé e Zé Miguel Wisnik, a repetição insistente desse som até o início do espetáculo, tem um efeito hipnotizante que se soma à contemplação do lindo painel de Irapuan Junior que cobre todo o fundo do palco.

Ouvindo Tom Zé e olhando Irapuan a atmosfera está criada para o público se emocionar com a beleza que vem a seguir.

Uma atriz (Maria Alencar Rosa), uma atriz/músicista (Elaine Silva) e um ator (Jhoao Junnior) entram em cena e representam as três crianças que chegam no quintal da avó para buscar a tal botija de ouro que segundo ela está escondido nesse terreno. Nessa busca, um universo de histórias fantásticas do nordeste brasileiro vai se descortinando para o público que entra no encantamento proposto pela encenação escrita por Jhoao a partir de histórias e causos recolhidos por ele no nordeste. A direção é de Jhoao e Maria.

Jhoao, Maria e Elaine estão em estado de graça em cena. Com rara desenvoltura vão contando os mitos da Caipora, da Mulher do sonho e da Princesa da Serra. O público - auxiliado pelas histórias contadas e pelo cenário que inclui o já citado painel e pelas pinturas artesanais do sol, da lua e do mandacaru criadas por Andrea Gandolfi – entra no clima e percorre o sertão junto com eles, sempre na esperança de encontrar a botija.

O elenco veste os figurinos criados e confeccionados por Maria cujos bordados mostram figuras surgidas em cena. E o que escrever sobre os sons e músicas executados por Elaine com instrumentos artesanais?

Realizado de maneira totalmente artesanal nos figurinos, nos instrumentos e no cenário, o espetáculo é um deslumbramento tão grande que é impossível conter as lágrimas em vários momentos.

Não tenha preconceito com um trabalho endereçado para o público infantil, porque quando ele é bem realizado e sem alguns clichês tão comuns nesse tipo de espetáculo, ele vai lhe agradar até mais do que certos teatros para adultos.

A Botija é digna dos maiores aplausos e merece as lágrimas que temos de enxugar ao final do espetáculo.

Mas... eles acham a botija??

Vai lá pra saber!!


13/05/2025

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário