EU TENHO TUDO
CARANGUEJO OVERDRIVE
No
ano passado ao programar a data da cirurgia da vesícula escolhi o mês de janeiro
porque sempre foi o mês mais tranquilo em relação às atividades teatrais. Ledo
engano! Neste janeiro de 2016 estiveram em cartaz, entre estreias e reestreias,
mais de 100 espetáculos, sendo que nada menos de 71 eram de dramaturgos
brasileiros. Sendo assim, comecei o mês de fevereiro com um déficit razoável e
para compensar assisti a 22 espetáculos nos 29 dias que me foram dados para
viver neste ano bissexto.
Confesso
que muitos espetáculos não me disseram muito e outros até me decepcionaram,
houve aqueles de interpretações excepcionais como os monólogos de Denise
Weinberg (O Testamento de Maria) e Luciano Chirolli (Memórias de Adriano) ou de divertimento
inteligente/irreverente (Volpone) e
ainda aqueles que realmente me surpreenderam e me tiraram do chão justificando
a minha paixão pelo teatro e a crença que vale a pena ser espectador, são eles:
Caranguejo Overdrive e Eu Tenho Tudo (excepcional interpretação de Pedro Vieira) . Todos esses títulos foram
alvo de matéria deste blog, além de, Los
Lobos Bobos, Amarelo Distante e
Dadesordemquenãoandasó. Não tive oportunidade de escrever sobre Teorema XXI e Pessoas Sublimes, dois trabalhos sérios e dignos de atenção.
Muita
gente comenta que só falo do bem dos espetáculos que comento em meu blog. A
questão é outra: só escrevo sobre os espetáculos dos quais eu gosto. Quando o
blog foi criado, tive e continuo tendo a intenção de escrever sobre os
trabalhos que me tocam de maneira positiva e que gostaria de compartilhar com
meus parceiros. Não tenho a intenção de falar mal daqueles espetáculos que me
desagradam nem tampouco sobre os que nada me dizem. Cabe lembrar que a maioria
dos projetos teatrais é feita com muito suor e lágrimas e merece todo o
respeito; se, no meu modo de ver, o resultado não é satisfatório não me
interessa publicar uma crítica negativa (deixo isso reservado para meus
escritos pessoais) e muito menos sugerir que as pessoas evitem assisti-lo. Mais
que tudo, respeito o esforço profissional de quem faz teatro, excluindo desse
contexto aqueles espetáculos caça niqueis com títulos esdrúxulos que contam com
enorme público, independentemente do que penso ou acho.
A
função da arte recebeu no meu entender a sua melhor definição nas palavras de
Ferreira Gullar: A arte tem de ter algo
que me tira do chão e me deslumbra.
É sempre com a perspectiva de me deslumbrar ou no mínimo de me
surpreender que me dirijo a um teatro para assistir a um espetáculo. Uma
cortina fechada de um palco italiano ou o apagar das luzes em um teatro de
arena sempre me colocam numa excitante expectativa positiva em relação ao que
vai ser apresentado, o que, muitas vezes não é correspondido.
Sendo
assim, neste blog a princípio você lê o ponto de vista de um espectador
apaixonado (expressão roubada de um antigo livro de Ruggero Jacobbi) sobre
aqueles trabalhos que, de alguma maneira, o tiraram do chão.
01/03/2016
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