Teatro
de rua feito por grupo que milita por alguma causa tem que ser direto, não pode
usar metáforas ou meias palavras, tem que por o dedo na ferida e por a cara pra
bater sendo corajoso para enfrentar a oposição que quase sempre é repressora e
truculenta.
Todas
essas características fazem parte do grupo santista Trupe Olho da Rua e de
seu impactante Blitz-O Império Que Nunca
Dorme, espetáculo que foi interrompido em uma de suas apresentações em
Santos e que teve seu diretor Caio Martinez Prado preso pela tal oposição
repressora.
Blitz foi apresentada em São Paulo neste
fim de semana de maio de 2017 no Parque da Água Branca e sua ironia já começa
com a música de chamada do público para o espetáculo (Você Não Soube Me Amar, sucesso dos anos 1990 com o grupo Blitz).
Uma espectadora solitária
A
peça é uma criação coletiva que tem como meta denunciar a truculência da
policia militar e a maneira como a mídia é conivente com essa atitude,
filtrando e até omitindo fatos ocorridos principalmente na periferia das
grandes cidades, onde por ação da força repressora muita gente inocente é presa
e morta. A opção é o viés satírico e o humor, armas poderosíssimas para
denunciar a barbárie e para fazer o leigo (a quem a peça se destina) refletir
sobre a mesma. Ri-se muito da tragédia e o riso conduz à reflexão.
Elenco
à vontade na interpretação caricatural tanto dos policiais como da mídia, esta
representada hilariamente por uma tal Raquel Cheira Azedo (momento memorável de
Raquel Rollo).
Denúncia
feita. Quem entendeu, entendeu. Quem não entendeu, ou não quis entender que vá
bater panelas!
Curiosidade
e dúvida: Havia um casal que assistiu a toda a apresentação ao meu lado; ao
final a mulher me perguntou se era um grupo de atores ou se eles eram realmente
policiais! Isso é bom ou é mau?
VIVA
A TRUPE OLHO DA RUA e a sua coragem em abordar tão diretamente as mazelas da
nossa triste realidade.
08/05/2017
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