Dotado
de grande expectativa após ter me surpreendido e me deliciado com o espetáculo
anterior do Grupo Katharsis Teatro de Sorocaba (Astros, Patas e Bananas)
me dirigi ontem ao Teatro Sérgio Cardoso para assistir a As Estrelas São Para Sempre?.
A estrutura dramatúrgica, assim como, o conteúdo poético do novo espetáculo me
pareceram inferiores àqueles do anterior uma vez que os quadros são mais soltos
e menos alinhavados, mas o resultado final é muito bonito e também
surpreendente.
Quatro
atores e dois músicos totalmente integrados à ação se encarregam de dar vida às
inúmeras personagens que transitam pelo palco mostrando em cerca de uma hora a
trajetória do homem da infância à velhice. Do elenco afinadíssimo há que se
destacar a presença de Andréia Nhur; dotada de extrema versatilidade cênica
(canta, dança, interpreta, toca instrumentos) ela é responsável por momentos do
espetáculo que beiram o sublime: a metamorfose de uma linda jovem em um bebê
logo no início da peça, a locutora que vira estátua e aquela cena que para mim
pode fazer parte de qualquer antologia de interpretações femininas quando uma
jovem começa a declamar o lindo texto de Violeta Parra Gracias a la Vida e vai envelhecendo ali na frente do espectador
que a esta altura está suspenso com os pés fora do chão.
Como
bem definiu o Professor Alexandre Mate os espetáculos do Grupo Katharsis têm
uma “impressionante narrativa rapsódico-babilônica”. Essa narrativa tão
particular não faz uso da palavra da maneira tradicional, os textos são falados
em várias línguas e o não entendimento dos mesmos não impedem que se compreenda
e se sinta o espetáculo.
Na
noite em que assisti ao espetáculo parte da plateia acompanhou grande parte do
mesmo às gargalhadas, fato que contribuiu para que eu não fruísse totalmente a
encenação, visto que a poética da mesma desperta, no meu entender, sorrisos e
não gargalhadas. Mas teatro é isso e o resultado de uma apresentação será para
sempre o resultado da ação que se passa no palco com a reação do público na
plateia. Por isso não reclame espectador rabugento!
Assistir
a As Estrelas São Para Sempre? é tomar
conhecimento do trabalho de um grupo coerente que faz trabalho muito sério de
pesquisa dramatúrgica (tanto textual como cênica), surpreender-se com a performance de uma grande atriz (Andréia
Nhur) e, principalmente, se deliciar com a poesia e a beleza da encenação.
As Estrelas São Para Sempre? está em
cartaz na Sala Paschoal Carlos Magno do Teatro Sérgio Cardoso de 10 a 26 de
julho de sexta a domingo sempre às 20h. NÃO DÁ PARA PERDER!!
11/07/2015
Esse eu quero conferir. Abraço, amigo José.
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