Chicago é um
fenômeno!
Estreado na Broadway
em 1975 com direção de Bob Fosse, o musical teve um importante revival
em 1996 dirigido por Walter Bobbie, com coreografia de Ann Reinking no estilo
Bob Fosse, nesse revival Ann Reinking também interpretou Roxie Hart.
Foi essa versão que se
espalhou pelo mundo.
Eu a assisti com
grande entusiasmo em Londres no ano 2000 e escrevi na ocasião: “É um
belíssimo musical, totalmente calcado no irônico e ácido texto de Fred Ebb e
Bob Fosse, nas músicas de John Kander com letras de Fred Ebb e nos talentos não
só dos protagonistas, como dos cantores/dançarinos que são muito mais do que um
‘chorus line’. O espetáculo não tem aqueles efeitos espetaculares tão típicos
dos musicais e a orquestra está em cena o tempo todo, fazendo parte da trama”.
Em 2002, Chicago
chegou ao cinema, dirigido por Rob Marshall.
Em 2004 o musical
chegou a São Paulo baseado na apresentação de 1996, com direção de Scott Faris,
tendo Tania Nardini como diretora residente. Escrevi: “Tudo direitinho, bem
montado, mas sem o charme e o vigor do espetáculo londrino. Os conjuntos
feminino e masculino dançam e cantam muito bem. O espetáculo comprova que
funciona melhor no teatro do que no cinema”.
Dezoito anos depois Chicago
volta aos palcos paulistanos na mesma versão baseada na apresentação de 1996 do
City Center’s Encores, desta vez com Tania Nardini assumindo a
direção.
Com sua trama cínica
e mordaz, a peça denuncia a corrupção, o jogo do poder e a efemeridade da fama,
assuntos pouquíssimo usuais nos musicais. A coreografia baseada no estilo de
Bob Fosse é forte e expressiva e o ambiente lembra os antigos cabarés e
vaudevilles, remetendo a Karl Valentin e a Bertolt Brecht.
Não sou especialista
em musicais, mas não é difícil avaliar o talento e a energia de Emanuelle
Araújo como Velda Kelly, o estilo de Carol Costa como Roxie Hart e o charme e o
vozeirão internacionalmente reconhecido de Paulo Szot. Eduardo Amir se sai
muito bem como o patético Amos Hart, o Mister Cellophane. Mama Morton é
interpretada com muito vigor por Lilian Valeska, que tem um dos momentos mais
bonitos da peça ao interpretar Educação (Class) em dueto com
Emanuelle Araújo.
A destacar ainda a
brilhante versão brasileira assinada por Claudio Botelho e a deliciosa
orquestra regida por Jorge de Godoy.
Vinte anos me separam
da montagem londrina que tanto gostei, mas meu sentimento ao assistir esta
versão em cartaz no Teatro Santander não deixou para menos, tirou meus pés do
chão e me fez vibrar como há muito eu não o fazia com um espetáculo musical.
08/02/2022
OBS: Infelizmente, o
belo programa, que poderia ser vendido como costumava acontecer nos musicais,
está disponível apenas por meio do deplorável QR code.
Serviço:
No Teatro Santander
até 29/05/2022.
Quinta e sexta às
21h/Sábado às 17h e 21h/Domingo às 15h e 19h.
Ingressos de R$75,00
a R$340,00
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