No
meu modo de ver o teatro é o refúgio da esperança e da utopia. Não se trata de
refúgio escapista e alienante, mas de um templo onde, nestes dias tão obscuros,
se pode vislumbrar uma esperança e onde também se reflete sobre formas de lutar
para atingir a utopia, não aquela descrita por Thomas More, mas a “utopia possível”
conclamada por Ariane Mnouchkine.
Maior
exemplo disso está em Pagliacci a que
tive oportunidade de assistir a ensaio aberto e que estreia na próxima semana no
teatro do Centro Cultural FIESP. Uma alegria emocionada – aquele riso
acompanhado de lágrimas nos olhos – invade o coração do espectador ao
acompanhar a trajetória daquela trupe circense que vai encenar um drama que tem
por origem a trama da ópera de Leoncavallo.
Numa
feliz junção dos talentos de Luís Alberto de Abreu (autor), do Grupo Galpão na pessoa de Chico Pelúcio
(diretor) e da Cia. LaMínima cujo
maior expoente é o inigualável Fernando Sampaio, a montagem resulta, desde já,
em um dos mais bem realizados espetáculos do ano. Tudo funciona para a
felicidade do espectador: elenco primoroso, trilha sonora criativa, belo cenário
remetendo aos telões das óperas e com significativa homenagem a palhaços
importantes no telão central. O centro desse telão ostenta o rosto de Domingos
Montagner, o grande ausente desta encenação.
A
peça tem tantos momentos antológicos que fica difícil enumerá-los, mas Fernando
Sampaio tocando Vesti la Giubba (Ridi,
Pagliaccio) no acordeão em miniatura
e o grupo tocando trecho de La Traviata no casamento, usando cornetas,
bumbos, serrote e garrafas são cenas que não vão se apagar tão cedo da mente e
do coração dos espectadores.
Fernando Sampaio
Tudo
está em harmonia na encenação de Chico Pelúcio: a trilha sonora de Marcelo
Pellegrini faz perfeita união de músicas gravadas com interpretações do grupo
(incluindo até uma canção popular brasileira lindamente interpretada por Keila
Bueno); o cenário já citado acima de Marcio Medina é complementado pelos
figurinos de Inês Sacay e lindamente iluminado por Wagner Freire e, é claro, o
elenco que atua com garra e alegria: o destaque natural é Fernando Sampaio,
muito bem acompanhado por Fernando Paz (que narra com muito brilho os
acontecimentos), Filipe Bregantim (boa presença cênica), Alexandre Roit (na
difícil tarefa de fazer a personagem que seria de Domingos Montagner), Keila
Bueno (presença graciosa como a mocinha da trupe) e Carla Candiotto (sua
personagem histriônica é responsável por boas risadas do público).
A
montagem comemora com muito brilho os 20 anos da LaMínima estando previstas durante a temporada na FIESP as
apresentações de alguns trabalhos significativos do grupo.
A
alegria de se assistir a Pagliacci
tem que ser compartilhada. A peça cumpre temporada na FIESP de 27/03 a 02/07 de
quarta a domingo às 20h com ingressos gratuitos e deverá fazer muito sucesso
junto ao público do local que inclui não só aquele habituado a ir ao teatro,
mas também jovens que se iniciam nessa arte tão sofrida, mas que sempre renasce
das cinzas. Tenho certeza que esse espetáculo vai fazer esses iniciantes exclamarem:
QUERO MAIS!
25/03/2017
Já estava interessada, e agora, depois de ler suas considerações, irei agendar.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSimplesmente MARAVILHOSO!!!
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