terça-feira, 14 de março de 2017

PONTO MORTO


        O texto de Helio Sussekind parte de uma premissa beckettiana, em especial aquela de Esperando Godot, onde dois homens perambulam continuamente por florestas e cidades sem destino certo. Esses homens são pai e um filho adulto portador de deficiência mental. O filho age como uma criança de três anos de idade, falando frases desconexas, repetindo coisas e perguntando muito ao pai que suporta esse fardo há muito tempo e está no limite de sua paciência.
        As personagens dão margem a duas interpretações magníficas e Marat Descartes (o filho) e Luciano Chirolli (o pai) agarram essa oportunidade e nos oferecem dois trabalhos antológicos. A composição de Marat Descartes é impressionante no falar e no gestual, sendo que o ator não sai da personagem em nenhum momento, parecendo desconcertado até nos agradecimentos finais. A personagem do pai serve de escada para as ações do filho, mas como disse um amigo presente no dia: “Chirolli é escada sim, mas uma magnífica escada de mármore!”.


        O sóbrio e belo cenário de Chris Aizner iluminado por Wagner Pinto e a marcante trilha de Tunica Teixeira são excelentes suportes para a direção conjunta de Camilo Bevilacqua e Denise Weinberg cujo maior mérito é dar vazão às incríveis performances de Marat e Chirolli.
        É lastimável que próximo ao final o texto procure explicar as razões daquela situação resvalando para um realismo piegas que desemboca em inverossímil happy end.

        Pelas interpretações e pela direção, Ponto Morto é espetáculo obrigatório. NÃO DEIXE DE VER.

        PONTO MORTO está em cartaz no Tucarena às sextas e sábados às 21h e aos domingos às 18h até 02/04.

14/03/2017


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