O
texto de Helio Sussekind parte de uma premissa beckettiana, em especial aquela
de Esperando Godot, onde dois homens
perambulam continuamente por florestas e cidades sem destino certo. Esses
homens são pai e um filho adulto portador de deficiência mental. O filho age
como uma criança de três anos de idade, falando frases desconexas, repetindo
coisas e perguntando muito ao pai que suporta esse fardo há muito tempo e está
no limite de sua paciência.
As
personagens dão margem a duas interpretações magníficas e Marat Descartes (o filho)
e Luciano Chirolli (o pai) agarram essa oportunidade e nos oferecem dois
trabalhos antológicos. A composição de Marat Descartes é impressionante no
falar e no gestual, sendo que o ator não sai da personagem em nenhum momento,
parecendo desconcertado até nos agradecimentos finais. A personagem do pai
serve de escada para as ações do filho, mas como disse um amigo presente no
dia: “Chirolli é escada sim, mas uma magnífica escada de mármore!”.
O
sóbrio e belo cenário de Chris Aizner iluminado por Wagner Pinto e a marcante
trilha de Tunica Teixeira são excelentes suportes para a direção conjunta de Camilo
Bevilacqua e Denise Weinberg cujo maior mérito é dar vazão às incríveis
performances de Marat e Chirolli.
É
lastimável que próximo ao final o texto procure explicar as razões daquela
situação resvalando para um realismo piegas que desemboca em inverossímil happy end.
Pelas
interpretações e pela direção, Ponto
Morto é espetáculo obrigatório. NÃO DEIXE DE VER.
PONTO
MORTO está em cartaz no Tucarena às sextas e sábados às 21h e aos domingos às
18h até 02/04.
14/03/2017
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